terça-feira, 25 de dezembro de 2007

Ao som de música evangélica, Norton Nascimento é sepultado.
Fiéis da igreja Renascer acompanharam o enterro do ator.
"Norton está, literalmente, nos braços de Deus", diz pai após o funeral.
22/12/2007 - 12h30 - Atualizado em 22/12/2007 - 15h49

Cerca de 300 pessoas, entre parentes, amigos e fiéis da igreja Renascer acompanharam o enterro do ator Norton Nascimento, que aconteceu neste sábado (22), no cemitério Memorial Parque Paulistano, em Embu das Artes.

Comovidos, a viúva, Kely Cândia Nascimento, e os filhos do primeiro casamento do ator Luana, de 22 anos, Lucas, de 21, e Yasmin, de 14 acompanharam o funeral que foi realizado ao som de cânticos e orações. O ator se converteu à religião evangélica em 2003, após passar por uma cirurgia de transplante do coração.

O bispo José Bruno, que há cinco anos realizou o casamento de Kely e Norton, ressaltou que Norton morreu como um “homem de Deus honrado”. “Ele expressava a alegria de viver em Jesus. Norton falava alto e ria muito e contava piadas”, disse o bispo.

Após o corpo ser sepultado, o pai do ator, Lucivaldo Nascimento, pediu aos presentes que rezassem pelo filho. “Agora Norton está, literalmente, nos braços de Deus”, disse o pai, ao lado da mãe do ator, Lúcia.

Nenhum dos colegas de meio artístico do ator compareceram ao funeral. A atriz Bárbara Paz enviou uma coroa de flores ao cemitério em homenagem ao ator, que foi seu colega de elenco na novela “Maria Esperança” – último trabalho de Norton na televisão, que foi ao ar este ano no SBT.


Serigüela

O ator morreu na manhã da sexta após sofrer parada cardíaca em decorrência de um quadro de infecção pulmonar, de acordo com boletim médico do Hospital Beneficência Portuguesa, onde Nascimento estava internado desde o último dia 29.

Segundo Kely Cândia Nascimento, viúva do ator, ele manteve o bom humor durante todo o período em que ficou no hospital. "Ele estava consciente e reclamando que não deixavam ele comer serigüela", contou a viúva, que estava casada com o ator havia cinco anos. Norton Nascimento tinha três filhos: Luana, Lucas e Yasmin, todos da primeira esposa, Rosana.

Além dos familiares, compareceram ao velório na noite de sexta alunos do grupo de teatro do ator, que em outubro havia estreado a peça "Adão e Eva - Um clássico", produção evangélica com temática relacionada à doação de órgãos.

Transplante

Norton Nascimento estava com 45 anos e havia se submetido a um transplante de coração em 19 de dezembro de 2003 para correção de um aneurisma da aorta, um problema congênito. Na época, ele ficou 53 dias internado e chegou a passar quatro deles sem coração, vivendo com auxílio de aparelhos.

Entre seus trabalhos na TV estão as novelas "As filhas da mãe" (2001), "A próxima vítima" (1995), "Fera ferida" (1993), "De corpo e alma" (1992) e o filme "Carlota Joaquina - princesa do Brasil" (1995). Seu último trabalho foi "Maria Esperança", que foi ao ar neste ano pelo SBT.

Após o transplante de coração, Nascimento se dedicou a atividades em prol de entidades assistenciais. Em 2004, Norton Nascimento participou de uma campanha do governo federal que incentivava a doação de órgãos.

Fonte: globo.com

quinta-feira, 20 de dezembro de 2007

Muçulmano defende judeus de ataque anti-semita.
2007/12/12 | 18:05
Incidente aconteceu no metro de Nova Iorque com grupo de cristãos.

Um estudante muçulmano defendeu um casal judeu de um ataque anti-semita no metro de Nova Iorque, cometido por um grupo de cristãos. Hassan Askari foi descrito como um herói.

O incidente aconteceu na passada sexta-feira, depois de Walter Adler, um jovem judeu de 23 anos, ter entrado numa carruagem de metropolitano numa estação da linha Q com a namorada e dois amigos.

Contudo, a viagem entre Manhattan e Brooklyn foi marcada por um incidente violento, quando o grupo se cruzou com um outro de oito homens e duas mulheres que lhes disseram «Feliz Natal». Adler e a namorada responderam «Feliz Hanuka» (o nome de uma festa judaica que também se celebra nesta época do ano).

Do outro lado, seguiu-se uma reacção agressiva. Foi exibida uma tatuagem de Jesus Cristo com uma afirmação pouco amigável. «Feliz Hanuka foi quando os judeus mataram Jesus Cristo». E seguiu-se um episódio de agressões gratuitas, por parte do grupo cristão aos jovens judeus.

Segundo disse Adler ao jornal New York Post, Hassan Askari defendeu os agredidos de imediato, permitindo-lhe accionar o travão de emergência.

«Um jovem muçulmano que intervém e ajuda um judeu durante o Hanuka, é um milagre», disse o agredido, descrevendo Hassan como um «herói».

Askari preferiu não dar grande importância à sua atitude, realçando apenas que fez o que «tinha que fazer» e que tinha sido educado dessa forma.

O incidente terminou com a detenção dos dez agressores.

Fonte: Portugal Diário.

segunda-feira, 17 de dezembro de 2007

IGREJA UNIVERSAL DO REINO DE DEUS.

Igreja Universal é condenada a indenizar mulher por má-fé.

Publicada em 04/12/2007 às 21h01m
Carolina Brígido - O Globo

BRASÍLIA - A Igreja Universal do Reino de Deus foi condenada por receber um automóvel como doação sem o consentimento da proprietária. Segundo o processo, Edilene Ferreira dos Santos estava deprimida e doou todos os bens à igreja por pressão de representantes do templo que freqüentava. Quando não tinha mais nada, pediu à mãe, Gilmosa, para assinar em branco o documento de transferência do carro dela sob o pretexto de que venderia o automóvel para comprar um mais novo. Com o documento, a filha doou para a igreja também o carro da mãe, um Golf ano 1998. Agora, a Universal vai ter que devolver o automóvel e pagar indenização de R$ 10 mil a Gilmosa.

A decisão foi tomada na última sexta-feira pelo juiz Jeová Sardinha de Moraes, da 7ª Vara Cível de Goiânia. Em depoimento, Gilmosa alegou que, ao perceber o que havia acontecido, ela tentou reaver o veículo. Mas teria sido "maltratada, agredida fisicamente e exposta à humilhação por integrantes da igreja". Relatos de testemunhas comprovaram a versão de Gilmosa. Na sentença, o juiz determinou que o veículo fosse restituído imediatamente, com pagamento adicional referente para ressarcir a proprietária de eventual depreciação e desgaste do bem.

A humilhação será compensada com o pagamento da indenização de R$ 10 mil. "A potencialidade da ofensa se eleva mais ainda ao concluir que ocorreu no interior de um templo religioso, onde, objetivamente, espera-se reinar a paz espiritual", escreveu o juiz na sentença. Ainda cabe recurso da decisão.

De acordo com o processo, depois da morte do pai, em janeiro de 2005, Edilene teria caído em depressão. Fragilizada, a filha começou a freqüentar cultos da Igreja Universal do Reino de Deus, onde teria sido pressionada a fazer muitas doações financeiras. Em troca, era prometida a ela "retribuição em dobro". A viúva contou que, antes de doar o carro da mãe, Edilene vendeu todos os utensílios domésticos e móveis dela, inclusive a cama em que dormia, para entregar o dinheiro à igreja.

O juiz convenceu-se da "inconteste" má-fé da igreja ao aceitar um veículo de quem não era proprietária. "A igreja agiu através de Edilene, a qual disse em juízo com todas as letras que, vencida pela pressão pastoral, convenceu sua mãe a assinar o documento de transferência do veículo (DUT), sob o argumento de que o estava vendendo. Edilene não foi contestada pelos representantes da igreja", lembrou o magistrado.

quinta-feira, 6 de dezembro de 2007

IGREJA UNIVERSAL DO REINO DE DEUS.


Terça-feira, 4 de Dezembro de 2007
Evangélico danifica imagem de igreja católica.

Fonte: A Tarde On Line

Arnóbio Oliveira mostra imagem

O frequentador da Igreja Universal do Reino de Deus, Marcus Vinícius Santos Catarino, 31, foi ouvido na 1ªCP (Delegacia dos Barris) na última quinta-feira, 29, sob acusação de destruir uma imagem da igreja católica Nossa Senhora de Santana, localizada no Aquidabã. Ele foi ouvido pelo delegado titular Omar Leal e liberado em seguida. ”Não fui convencido de que ele agiu com o propósito de danificar a obra”, informou.
O caso aconteceu por volta das 11h, quando alguns fiéis oravam enquanto seis funcionários dedicavam-se ao trabalho de restauração do altar do Santíssimo Coração de Jesus, ao lado do principal. Um dos funcionários viu o homem em cima do altar de São Benedito com a estátua nas mãos acima da cabeça. “Ei, que serviço é esse?“ gritou, achando se tratar de um restaurador. O jovem assustou-se e, na fuga, jogou no chão a imagem de São Benedito com o Menino Jesus nas Mãos, de importante valor histórico, danificando-a completamente.
Marcus Vinícius correu, mas foi detido por policiais militares. Na 1ªCP, ele declarou que tomava remédio controlado. Segundo o delegado, ele tem ficha limpa. ”Percebemos logo que ele tem problemas”, disse Leal, fundamentado apenas no argumento da mãe, que levou uma receita de remédio ”tarja preta” para a delegacia. O desempregado Marcus Vinícius informou que tomava o antidepressivo Diazepan em Ilhéus, onde morava, mas suspendeu a medicação porque ”estava dando muito sono”.
Ele contou que frequenta diariamente a Igreja Universal do Reino de Deus, no Aquidabã, onde está acontecendo a Corrente dos Revoltados. ”Nasci revoltado, sou revoltado e vou sacrificar ”, é o lema que está escrito no fundo do encosto de todas as cadeiras do templo. “A corrente fala da revolta do homem e que ela é causada pela perseguição do demônio“, disse.
Na quarta passada, um dia antes de depredar a imagem católica, Marcus Vinícius assistiu a uma palestra proferida pelo Pastor Jairo. ”Ele lembrou de uma passagem do Evangelho que fala sobre a destruição de imagens, e citou como exemplo a Igreja de Santana, que é a mais próxima”, disse Vinícius, ressaltando, no entanto, que o pastor não lhe sugeriu nada.
No dia seguinte, ele conta que, ao passar pela frente da Igreja de Santana, sentiu ”uma coisa estranha” que o fez entrar. Sentou em um banco, nos fundos. ”Quando olhei para o lado, vi uma imagem de cor negra segurando Jesus Cristo. Achei que era o demônio que estava sorrindo para mim”, disse. Ele explica que subiu no altar porque queria ”tocar na imagem para provar que não era”

segunda-feira, 3 de dezembro de 2007

IGREJA CATÓLICA

Padre pedófilo é condenado a 10 anos de prisão nos EUA
Agência AFP
03/12/2007 (22:38)

Um ex-padre católico foi condenado nesta segunda-feira a dez anos e quatro meses de prisão, após admitir que realizou atos de pedofilia com dois menores, informou uma fonte judicial da Califórnia.

Michael Stephen Baker, de 59 anos, assumiu a culpa e evitou assim uma pena mais severa.

Os três anos que Baker já passou na prisão serão descontados do tempo total da pena, por decisão do juiz Curtis Rappe, do tribunal de Los Angeles.

A Igreja Católica americana, que tem 69 milhões de fiéis, é abalada desde 2002 por uma série de escândalos envolvendo padres pedófilos, que manchou sua reputação e prejudicou suas finanças com indenizações milionárias.

Segundo a organização "Bishop Accountability", cerca de 3.000 padres já foram denunciados por pedofilia nos EUA.

segunda-feira, 26 de novembro de 2007

ASSEMBLÉIA DE DEUS.




26/11/2007 16:15:45
Suspeito de matar turista italiano se entrega à polícia

Por Redação, com agências de notícias - do Rio de Janeiro

Suspeito de assaltar o turista italiano Giorgio Morasse, na última semana, Rodrigo Carvalho Cruz, o Tico, 20 anos se apresentou na segunda-feira na Polinter-Divisão de Capturas, na Zona Portuária. Ele chegou acompanhado de um pastor evangélico. Tico é morador do Morro do Cantagalo, em Copacabana, Zona Sul da cidade, que já havia cumprido pena em uma instituição para menores infratores por prática de roubo, em 2004.

Ele confessou ter roubado o turista, mas negou que tenha assassinado a vítima. Depois de arrancar o cordão do pescoço do pai de Giorgio, Tico tentou escapar numa bicicleta quando o italiano reagiu e foi jogado com um safanão na pista, sendo atropelado por um ônibus.

O corpo do turista italiano foi cremado na quinta-feira e segundo o cônsul-geral da Itália no Rio, Ernesto Massimo Bellelli, a cerimônia ocorreu no Forno Crematório do Rio de Janeiro, no Caju, com a presença do pai, do irmão Victor Morasse, e da família de sua noiva, que é brasileira. A mãe, por estar muito abalada, não foi à cerimônia.

A Justiça decretou a prisão temporária do suspeito de ter causado a morte de Giorgio Morasse, segundo o delegado Fernando Veloso, da Delegacia Especial de Atendimento ao Turista, responsável pelo caso desde quinta-feira. Ele deverá ser indiciado por latrocínio.

O delegado contou que Rodrigo Carvalho Cruz, conhecido como "Tico" foi reconhecido formalmente por fotografias pelo irmão da vítima. A foto ao lado foi divulgada pela polícia. Extra-oficialmente, o pai da vítima, uma amiga da família e um motorista de táxi também confirmaram as características físicas do suspeito.

Possuído

O pastor Isaías da Silva Andrade, que negociou a apresentação do assaltante do turista italiano em Ipanema à polícia, disse que Rodrigo Carvalho Cruz, o "Tico", de 20 anos, estava "possuído pelo demônio", quando roubou o cordão de ouro do pai do italiano Giorgio Morassi. No roubo, Giorgio acabou sendo empurrado para a Avenida Vieira Souto, em Ipanema, e foi atropelado por um ônibus.

Ele estava possuído. Legiões de demônio que fazem o homem roubar —, justificou o pastor da Igreja Assembléia de Deus.

Rodrigo Carvalho Cruz disse que apenas roubou o cordão de ouro do turista, mas não matou Giorgio Morassi, o filho do italiano assaltado. Ele disse que acabou largando o cordão, objeto do roubo, perto do local da confusão.

— Eu ia ficar com o cordão para mim. Não sou culpado (pela morte), só roubei. Não matei ninguém —, disse o assaltante.

Segundo o pastor, o assaltante procurou a sua igreja na quinta-feira. Lá, se alimentou, e recebeu orientações religiosas. A Divisão de Capturas da Polícia Civil (Polinter) já tinha informações de que ele estaria escondido nas proximidades da igreja, que fica perto da favela da Fazendinha, no Conjunto de Favelas do Alemão, subúrbio do Rio.

http://www.correiodobrasil.com.br/noticia.asp?c=129881

É... Abre as portas das cadeias e solta todos os presos que seus crimes não foram eles quem cometeram, eles estavam possuídos pelo demônio... :P

quinta-feira, 15 de novembro de 2007

Negros evangélicos debatem racismo e discriminação nas igrejas
"São 15 milhões de pessoas pretas de cabeça baixa nas igrejas, achando que são descendentes do continente do demônio", afirmou o teólogo Walter Passos, no I Encontro Nacional de Negras e Negros Cristãos, realizado em Salvador no mês de abril. A iniciativa foi do Conselho Nacional de Negras e Negros Cristãos (CNNC), organização que vem debatendo a questão racial em diversas igrejas evangélicas em todo o país há cerca de um ano. Passos preside o CNNC, que é composto por fiéis de igrejas como a Presbiteriana, Batista, Adventista, Assembléia de Deus e a Metodista tendo a participação, até então, de estados como Rio de Janeiro, Alagoas, Minas Gerais, Espírito Santo, Paraná, São Paulo e Bahia. Criado a partir de debates e discussões por e-mails, o Conselho hoje vem promovendo encontros regionais, levantando o tema entre jovens e adultos negros - homens e mulheres evangélicas pelo país. Em entrevista, o presidente do CNNC falou ao Ìrohìn sobre este debate. Confira.
Jamile Menezes Santos, Estudante de Jornalismo da Faculdade da Cidade do Salvador
jamyllem@hotmail.com

Ìrohìn - São 15 milhões de evangélicos negros no Brasil. O que pensa este contingente hoje quanto às suas identidades negras?
Walter Passos - Os evangélicos são os que têm um processo de negação maior quanto ao seu pertencimento à comunidade negra. A pobreza e a desorganização, além da falta de políticas públicas, fazem com que nosso povo procure o mínimo de bens materiais através dos sacrifícios (ofertas), negando seu próprio ser. A discriminação em nenhum momento é questionada e nas igrejas históricas, o racionalismo branco é imitado. Em todas as três correntes do protestantismo no Brasil, a máscara branca está desfigurando a essência dos pretos e pretas e esse fato é um anti-evangelho de Yeshua (Jesus), que foi o mais importante preto da história da humanidade.

Ìrohìn - De que forma isso é visto nas igrejas?
Walter Passos - No comportamento dos (as) pastores (as), por exemplo, que se explica na formação teológica: as faculdades e seminários são formadores de teologias excludentes, baseadas no medo e na negação das raízes africanas. Os sermões, que seriam o grande alimento das comunidades, se tornaram mecanismos de dominação através da palavra e demonização das culturas africanas. Há um processo de branqueamento escandaloso nas lideranças pastorais negras. O mais difícil de encontrar é pastores pretos casados com mulheres pretas, porque o padrão de beleza europeu é propagado dentro das comunidades. Tudo que é belo é branco e tudo que é demoníaco é preto, por exemplo. A direção das igrejas não está com as lideranças pretas. Na Bahia, qual o pastor preto consciente que pastoreia uma grande igreja? Se somos 15 milhões, deveria haver pelo menos 650 mil pastores (as) pretos. Acontece que para estudar teologia é necessário ter condições financeiras e nosso povo não possui essas condições.

Ìrohìn - O Encontro Nacional, realizado em abril, reuniu expressivas delegações de diversos estados. Existem singularidades quanto ao engajamento por região?
Walter Passos - As diferenças são evidentes. O estado da Bahia é o que sofre a maior discriminação, tendo também a maior organização de juventude afrocentrada e atuante. A Bahia é um imenso paradoxo, porque somos a maioria da população preta que guardamos grandes ensinamentos ancestrais e o estado onde há menos políticas públicas de combate à discriminação.

Ìrohìn - Qual o papel dessa juventude?
Walter Passos - A juventude afrocentrada do CNNC é a espinha dorsal da organização, como está sendo em todo o Movimento Negro Brasileiro. A diretoria do CNNC Bahia é composta de 100% de jovens, sendo um marco na nossa organização no Brasil. Os jovens não aceitam as mazelas que as igrejas têm feito com nosso povo e são os grandes questionadores, não sentindo tanto temor das lideranças das igrejas como os idosos e adultos.
Ìrohìn – E o que é que o CNNC traz para o debate junto a esse público?
Walter Passos - A nossa luta se dá dentro do cristianismo, que participou ativamente da formação ideológica do Brasil: legitimou, abençoou, traficou, explorou e enriqueceu com tráfico dos nossos ancestrais, mantendo ainda uma violenta discriminação em todas as igrejas, seja a católica ou a protestante. Sendo assim, debatemos a discriminação racial e a sua superação dentro das igrejas cristãs, a luta como entidade preta cristã contra todos os tipos de exploração na sociedade, a organização do povo preto cristão, a propagação e a prática do pan-africanismo, a formulação de uma teologia preta e a questão de gênero, pois sabemos que a mulher preta é a mais discriminada dentro do cristianismo, além de outros temas. Trocamos informações, literaturas, realizamos encontros e aprendemos a ouvir os especialistas negros, porque sabemos que não podemos confiar nos teólogos (as) brancos e seu academicismo, o que é ideológico e visa manter a dominação e escravização mental do povo preto.

Ìrohìn - Um ponto central nesta discussão, para vocês, é a Escola Bíblica Dominical (EBDs). Por que é importante questionar essa Escola?
Walter Passos - A escola bíblica dominical dentro das igrejas históricas e pentecostais tem uma função de grande importância que é a formação do membro da igreja. A EBD é uma escola com objetivo de branqueamento, pois leva as pessoas negras, desde pequenas, à negação de suas origens. Ela reforça os preconceitos, acaba com sua auto-estima. Reforça o machismo, ensina um Deus branco baseado no medo, cópia do senhor de engenho. É necessária uma reformulação das EBDs, mas, nessa estrutura de igrejas que existe, é muito difícil.

Ìrohìn - Por que então não fundar uma outra Igreja, criar uma outra Bíblia?
Walter Passos - A função do CNNC não é formar uma nova denominação evangélica, mas, atuar dentro das igrejas de forma contundente. Queremos fundar a Comunidade Cristã Pan-Africanista, onde poderão atuar livremente e louvar a Yeshua conforme a sua africanidade. O CNNC não é uma igreja, mas uma organização pan-africanista. O cristianismo que temos hoje no planeta, e inclusive em várias regiões da África, é um cristianismo caucasiano deturpado. Os teólogos brancos, com mestrados e doutorados, conhecem a verdade e não ensinam. Há interesse ideológico em se manter um povo dominado. Estamos escrevendo o livro Cristianismo de Matriz Africana, objetivando informar o nosso povo preto dessas verdades escondidas.

Ìrohìn - Como é a reação dos (as) negros (as) evangélicos (as) ao serem chamados para este debate em suas igrejas? Há reações mais ou menos adversas em alguma delas?
Walter Passos - As reações são as mais diversas possíveis, porque a catequese católica e a forma de evangelização que sofreram os nossos ancestrais foram violentas e hoje a violência é ideológica. Os negros cristãos no Brasil estão com os olhos vendados e temem o inferno ensinado pelos brancos. Tenho conversado com pastores de diversas denominações e lideranças que sabem da discriminação racial e ficam calados, sendo co-participantes e alimentadores das mentiras. Por isso o CNNC não acredita e não participa do chamado Movimento Negro Evangélico (MNE) porque é um movimento que se apóia em organizações e lideranças brancas. Outro fator importante é que a luta pela emancipação do povo preto tem que ter a base familiar, e ainda não vi a maioria masculina dessas lideranças do MNE levar suas famílias para as reuniões. Será porque as suas mulheres são brancas e eles têm vergonha de suas companheiras? Como podem liderar e falar da discriminação racial se a própria família não é participante? Acreditamos que os pretos têm que trilhar os seus próprios caminhos e ditar as regras de sua própria emancipação.

Ìrohìn - Há a participação da Igreja Universal do Reino de Deus no CNNC?
Walter Passos - A questão da IURD (Igreja Universal do Reino de Deus) é bem interessante. No censo do ano 2000, possuía 2.101.887 membros, possuindo um poder imenso de comunicação. A IURD tem como chamamento a idéia da maldição hereditária. Hoje os negros lá se sentem amaldiçoados, todos os seus problemas são resultantes do chamado encosto que vem acompanhando a família desde a África. Sendo assim, se toma “fácil” nessas igrejas a comunidade negra enfrentar os graves problemas sociais que a afligem. A presença crescente de descendentes de africanos nessas igrejas é conseqüência da constante expulsão que sofrem nas igrejas históricas, na conversão forçada ao catolicismo, na falta de reação das religiões de matriz africana e seus paralelismos e sincretismo. São co­locados fora dos muros do bem- estar social e as fronteiras sociais se manifestam também religiosamente. A realidade dos pretos nestas igrejas é de extrema preocupação: explorados financeiramente e crendo numa falsa libertação, vivenciam um processo de alienação de seus problemas. Odeiam sua própria cultura, rejeitam sua história e permitem que a memória de seus ancestrais seja ultrajada, recebendo o rótulo de “demoníaca”.

Ìrohìn - E quanto aos adeptos do Candomblé?
Walter Passos - A liberdade religiosa tem que ser defendida. O que notamos é que algumas pessoas querem falar pela religião do candomblé e repetem a prática branca de falta de respeito com os negros. Antes de sermos religiosos, somos pretos. Posso mudar de religião, de opção sexual e de ideologia. Só não posso deixar de ser preto-africano no Brasil.

Ìrohìn - De que maneira o CNNC atua frente à intolerância religiosa de setores evangélicos contra as demais crenças de origem africana?
Walter Passos - A nossa organização é contrária aos ataques perpetrados pelas igrejas evangélicas às crenças dos nossos antepassados e de nossos irmãos. Todas as igrejas evangélicas são desrespeitosas com as crenças de matriz africana. Há vozes proféticas em diversas denominações, mas a prática é de extrema violência e falta de respeito. Os pretos evangélicos não são os culpados pela falta de respeito, muitos são repetidores dos ensinamentos deformados das igrejas.

Ìrohìn - Pan – Africanismo e Religiosidade. Qual a relação e de que forma o CNNC vem integrando ambos os temas pelo Brasil?
Walter Passos - O Pan-Africanismo é a saída para a união do povo preto nessa diáspora forçada. Quando o CNNC se coloca como uma organização pan-africanista é para desmistificar a idéia pregada de ecumenismo das igrejas protestantes, baseado em palavras que mantêm nosso povo afastado de suas decisões “ecumênicas”. O Ecumenismo é a grande mentira das igrejas brancas. Temos que ter uma preocupação com o nosso povo e essa preocupação é um ato de espiritualidade e prática. Lutamos por uma organização de autogestão e o CNNC, com seu teor pan-africanista, acredita que o próprio povo tem que se libertar da segunda escravidão que o levou à inércia em relação aos seus próprios problemas.

Ìrohìn – Quais os principais resultados do Encontro Nacional?
WP - O Encontro Nacional foi uma grande vitória do povo preto, independente de religião, mostrando que podemos ter um objetivo de liberdade. As mulheres e homens pretos só podem louvar em comunhão quando aquelas e aqueles que se dizem irmanados na mesma fé de Yeshua reconhecerem que o racismo, antes de ser ontológico, é moral. Que temos o direito de desenvolver os nossos destinos através da nossa identidade africana, representado a nossa corporalidade através da nossa ancestralidade. Enquanto isso não ocorrer e houver a exploração da comunidade branca sobre o nosso povo, a comunhão não existe, porque estaremos mentindo para nós mesmos, enganando nossos jovens e alienando nossas crianças. Não há comunhão sem a real vivência do evangelho de justiça de Yeshua.

Conheça mais sobre o CNNC em www.negroscristaos.com.br .

http://www.irohin.org.br/imp/template.php?edition=20&id=96